sexta-feira, janeiro 07, 2005

Nacionalismo

Muitas vezes se discute a questão do Nacionalismo como ideologia.
Nunca fui adepto da ideologia nacionalista. Simplesmente porque não acredito em ideologias (religiões intramundanas, explicações terrenas para o que não o é), e porque não acredito que o nacionalismo possa ser uma solução universal.
Os nacionalismos distinguem-se de várias formas. Uma delas (para mim a principal) é a forma como se concede a qualificação de nação a determinada entidade. Nela residem as divergências entre todos os que se dizem nacionalistas. O nacionalismo, num plano teórico, é, quase sempre, um subproduto de uma concepção superior. O que o subordina é essa compreensão do que é o objecto, a Nação.
Um tradicionalista encara a nação como um acervo determinado pela História.
Um identitário-europeu encara a nação como uma subdivisão de uma unidade originalista.
Um conservador-liberal como um conjunto de costumes.
Um liberal como uma pertença jurídica e um garante da propriedade.
Todos podem possuir na sua concepção um teor mais ou menos nacionalista.
Todos possuem várias concepções.

Os “Pontos de Wilson” são um exemplo histórico do que falamos.
Consagram na Ordem Internacional o princípio nacionalista, mas defendem um tipo de Nação que é disparatada e insuficiente.
O direito, consagrado na Carta da ONU, de cada povo em constituir-se como Estado, é um dos direitos que mais instabilidade cria no Mundo.
Esta concepção, que aparentemente seria de índole nacionalista, torna-se um dos focos de instabilidade das Nações. Uma vez que o critério dominante para a existência de um povo é, em democracia, a vontade popular, está criado o clima para todo o tipo de manipulações que sirvam os interesses dominantes (criação de Nações que não passam de “entrepostos” dos Impérios).
O critério é tão perigoso que ninguém lhe toca. A solução é ignorar…

Há vários nacionalismos, que se tocam, ou não, no que corresponde à “praxis”.
No Estado Novo, na Guerra Civil Espanhola, houve a necessidade de união das forças contra a destruição da Nação. A união entre tradicionalistas e falangistas é um caso feliz (por algum tempo), como são as uniões entre os vários sectores da direita na solução compromissória de Salazar.

Há porém que recordar que a Moral é sempre o ponto principal da equação do compromisso político. No compromisso só lucra quem mantém os seus fins. São esses fins o destinatário de toda a acção.
São mais umas vezes esses fins que distinguem todas as “ideias” que encontram como destinatário principal a Nação. Qualquer discussão entre os verdadeiros nacionalismos é, nada menos que uma competição entre diferentes ideologias e não uma depuração ou a busca de uma essência de uma concepção única.

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